segunda-feira, 19 de maio de 2008

Esboço

Confesso que tento mas as palavras renitem e não aparecem. De vez em quando surgem, muito timidamente, uma inspiração a qual esboço uns escritos que procuro ordenar e passar para o papel. Busco, então, mais inspiração na natureza. Acredito que aí residem todas as musas, dos pintores, dos músicos e dos poetas. Mas, é só começar e ver que os assuntos na mídia são outros. Não mais os temas sentimentais, as saudades, os sonhos e as alegrias de tampos passados. Visto desse modo, percebo que meu rascunho está mal-amanhado, inacabado como sempre.

É difícil abordar um assunto que não nos leve a comentar as baixarias,falcatruas, escândalos políticos, mentiras e mais mentiras que proliferam nos jornais, rádios e televisões. Ainda ontem, ouvi no radio sobre o assalto ocorrido na lanchonete aqui nas proximidades de casa. Chegaram a levar dinheiro, celulares e um carro. A apuração e punição desses eventos danosos não é mais objeto só de alçada federal ou regional, mas também de competência local, pela sua freqüente ocorrência.

É difícil fazer despertar a veia poética e menos ainda a criação literária.

Leio, sem querer, manchete do Diário de Natal onde se destaca “Dupla invade casa e leva jóias em Lagoa Nova”. Me fixei na notícia por ter parente morando naquele bairro. Me lembrei então de um personagem da cidade que todos os dias, ao sair de casa, dava de cara com um anúncio publicitário na parede em frente e ao qual todo santo dia, quisesse ou não,lia soletrando letra por letra. Um dia chamou o vizinho e pediu que apagasse o dito anuncio pois já não agüentava mais a sua leitura.

É difícil escrever. Não é só na parede em frente que abundam sem-vergonhices e falcutruas. Não é fácil pensar em algo que não seja um escândalo político. E vai ficando mais difícil escrever. Ao menos, a casa invadida em Lagoa Nova não foi a do meu parente. Ao menos as chuvas arrefeceram.