quarta-feira, 27 de julho de 2011

Outros Tempos

Dep.Federal Antonio Florêncio,Governador Cortez Pereira,Ministro do Transporte Mario Adreazza, na inauguração. - Imagem: azougue.com


Um comentário

Olá, meu nome é Antonio Cordeiro e resido em Areia Branca, uma cidade litoranea no interior do Rio Grande do Norte. A cidade é de clima agradável e de uma beleza encantadora. Suas praias são lindas. Destaco, também o Porto-Ilha, uma plataforma em aço e areia construída em alto-mar ou mar-aberto. Vale a pena conhecer, desfrutar da hospitalidade e provar da culinária regional. Venha até aqui.
Mas

Quero me reportar ao ano de 1973, ano que marcou profundamente a vida sócio-economico de Areia Branca. Foi neste ano que começou a entrar em funcionamento o Terminal Salineiro de Areia Branca, ou Porto-Ilha como é conhecido. A cidade, cuja economia dependia basicamente da mão-de-obra, aí considerada as atividades exercidas desde a extração até a exportação do sal, e que dava emprego a centenas de salineiros, dezenas de estivadores, dezenas de conferentes e outras tantas dezenas de trabalhadores da orla marítima, viu, a partir de então, ir minguando esse contigente de mão-de-obra operária.

Foi o preço do progresso. A modernização dos serviços. Alguns, por motivo de doenças profissionais, procuraram a previdência social em busca do auxílio-doença, outros saíram a procuram de trabalho. Partiram para outros estados cujos portos aceitavam trabalhadores "de fora". Portos como Santos, Recife e Paraná. Creio ter sido, naquela década, a notícia que mais atingiu os areiabranquenses, senão a pior, agravada mais pelo fato do porto inaugurado não ter sido o Continental, que era o sonhado pela comunidade.

Postagem em 08/12/2004 em blogger desativado

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Triste Partida


Ainda menino e brincando com outros meninos, meus amigos pelas ruas - que eu diria de saudosas memórias tão ternas quanto algodão pelo muito de montes de areias que se espalhava por quase toda a cidade,ofegantes mas sereno, paravamos as brincadeiras e, então ouvíamos os adultos falarem que uma ou outra família se mudava para outra cidade. Era como uma nota de morte, pois o passar do tempo nos mostrava que era uma ida sem retorno. Nunca mais víamos tais pessoas. Ficávamos tristes, muito tristes mesmo.

Hoje, passados tantos anos - tanto viver, o que se escuta é que ”o tempo voa e somos forçados a viajar” Que “Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo...”
E que “A vida tem três fases: nascer, viver e morrer. O homem não se sente nascer; esquece-se de viver e sofre para morrer”

Com o passar do tempo, as incertezas e as angústias próprias da vida vai envolvendo-nos deixando-nos mais fortes, no entanto quando alguém me anuncia a morte de uma pessoa, eu sempre penso numa longa viagem. E volto a me entristecer

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Salão



O salão antigo tinha uma única porta e ficava no meio do quarteirão, do lado do sol, de modo que a tarde o ambiente ficava um calor muito forte e a freguesia escasseava. O corte do meu cabêlo acontecia sempre com êle falando, falando e eu cochilando naquela madorna. Tudo muito rápido. Nem por isso aquele ritual deixava de ser um momento de relax, de descontração.

Supreendeu-me a localização do novo salão. Numa esquina, com duas fachadas - frente e lateral. Muito ventilado e disposto de modo que a cadeira do freguês situava-se no centro, exposta aos passantes. Assim, eu estava aos cumprimentos de amigos que passavam pela calçada do salão. Um em especial veio falar comigo, ex-amigo de mesa de bar, que como eu, também fôra um pouco boêmio.
Já não se conformava com sua ausência àquelas mesas. Eu dizia que já não me sentia tanto desses encontros. Pois da última vêz que entrei em um bar, apesar do ambiente conhecido e familiar, as pessoas já não eram as mesmas. Outros rostos,outros nomes. O tempo, a idade da nossa geração, haviam afastados todos os confrades da sociedade, criando um barreira entre o novo e o antigo. Renovação dos tempos, também.

No decorrer desse nosso colóquio, no 1º dia do salão novo, de temas agradáveis envolvendo nossa turma, nossa cidade, outras pessoas se juntaram e nós, ao final, confessamos sem mágoas: carecemos é de lugar prá conversar, voltar a vida. E nenhum lugar melhor que o novo salão do barbeiro.