terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O Salão



O salão antigo tinha uma única porta e ficava no meio do quarteirão, do lado do sol, de modo que a tarde o ambiente ficava um calor muito forte e a freguesia escasseava. O corte do meu cabêlo acontecia sempre com êle falando, falando e eu cochilando naquela madorna. Tudo muito rápido. Nem por isso aquele ritual deixava de ser um momento de relax, de descontração.

Supreendeu-me a localização do novo salão. Numa esquina, com duas fachadas - frente e lateral. Muito ventilado e disposto de modo que a cadeira do freguês situava-se no centro, exposta aos passantes. Assim, eu estava aos cumprimentos de amigos que passavam pela calçada do salão. Um em especial veio falar comigo, ex-amigo de mesa de bar, que como eu, também fôra um pouco boêmio.
Já não se conformava com sua ausência àquelas mesas. Eu dizia que já não me sentia tanto desses encontros. Pois da última vêz que entrei em um bar, apesar do ambiente conhecido e familiar, as pessoas já não eram as mesmas. Outros rostos,outros nomes. O tempo, a idade da nossa geração, haviam afastados todos os confrades da sociedade, criando um barreira entre o novo e o antigo. Renovação dos tempos, também.

No decorrer desse nosso colóquio, no 1º dia do salão novo, de temas agradáveis envolvendo nossa turma, nossa cidade, outras pessoas se juntaram e nós, ao final, confessamos sem mágoas: carecemos é de lugar prá conversar, voltar a vida. E nenhum lugar melhor que o novo salão do barbeiro.