quinta-feira, 5 de março de 2009

Burricada



Burricada

É manhã de uma segunda feira ensolarada. Dia em que crianças se arrumam para a escola e, pescadores já vão longe mar afora, um jumento solitário passa em frente ao portão de casa. Talvez a procura de pastagem. Pasto e muares tão raro no cenário urbano, ultimamente. Aforismo a parte, voltei meus pensamentos para o passado e as lembranças fluíram nitidamente.

Lembrei-me de outras manhãs em que o apito da Companhia Comercio & Navegação ainda não chamara os empregados ao trabalho. Nem havia movimento na rua, a exceção de um poucos pescadores em direção ao rio. Então eu abria o armazém de Sebastião e começava a varrer a calçada. Logo um burro devidamente arreado chegava e ficava parado em frente. Depois outro que também ficava parado e, logo depois chegava o Seu Zé, ou Zé do Upanema, senhor e dono dos burros. Era um senhor idoso, sério, de modos simples e vinha de Upanema de Cima fazer compras. Essa cena se repetia a semana toda.

Outras manhãs surgiram, outros momentos evocaram-me saudosamente as viagens que fazíamos a Mossoró. A tripulação do carro era dividida em lado direto e lado esquerdo.
Assim, íamos contando os burros que apareciam nas margens da estrada O curioso é que na parte da tarde, parte deles debandava para outro lado da estrada por conta dos mosquitos que começava a aparecer. Vencia o lado que contava mais burro. E, assim a viagem se tornava mais rápida.