Há muito que desabituei dos noticiários. Abandonei-os desde que a moda da globalização pegou, creio. Nem mesmo o noticioso Hora do Brasil - programa oficial e tido por muitos como padrão - escuto. Eles já não trazem nenhuma boa notícia para nós trabalhadores. Não ouso nem mesmo discutir com os amigos os assuntos que são manchetes nos principais jornais, por sucedâneos e vergonhosos demais.
Assim, comecei a passear nas telinhas da tevê, assistindo desenhos-animados e novelas. Fazendo deles um novo hábito. Programas que passaram a fazer parte da minha rotina noturna, no horário nobre das oito horas. Aos poucos fui percebendo a correlação entre as notícias veiculadas na mídia com as situações dos personagens, tanto nas novelas quanto nos desenhos. Cito por exemplo dois momentos da novela Desejo Proibido. É lá que vive o prefeito Viriato Palhares – um dos ilustre filho de Passaperto. Num, o seu assessor sugere que ele acrescente a palavra condor ao seu nome, passando a se chamar Viríato CONDOR Palhares, pois num país da America do Sul, um político usou o nome de um crustáceo, juntou ao nome e saiu-se vitorioso. Noutra o novo prefeito interventor pede a um jornalista que publique nota inverídica, ele diz ao repórter: você coloca na primeira página em letras maiúsculas e vira verdade. Pronto!
Eu vi, assim, a arte imitando a vida. Reciprocam-se, pois, a vida e a arte, na vida real.
Não é sem motivo que tenho guardado em minha memória, o concurso prestado no vestibular de Administração. Em um dos quesito da prova de matemática perguntava-se qual o percentual de notícias verdadeiras em determinado jornal. Depois da demonstração do enunciado, dava as seguintes alternativas como resposta: 100%, 80%, 50% ou nenhuma das alternativas. A resposta certa dizia ser de cinqüenta por cento o número de notícias verdadeiras divulgadas no jornal.
Era a época dos sonhos. Os verdes anos da minha vida.
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